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Cafeicultura se recupera e safra deve dobrar na região em 2023

Fernando Klein

| Edição de 14 de abril de 2023 | Atualizado em 14 de abril de 2023
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Depois de uma última safra de forte quebra, os cafeicultores da região acompanham a maturação das lavouras com otimismo. A colheita da temporada 2022/2023 começa em maio com projeção de aumento de mais de 100% na produção nos 13 municípios de abrangência do Núcleo Regional da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), de Apucarana.

Com uma área de cultivo de 2 mil hectares, a produção estimada é de 3,8 mil toneladas, com rendimento entre 1,7 mil e 1,9 mil kg por hectare. Na safra passada, o plantio ocupou 2.230 hectares, mas a produção chegou apenas a 1.895 toneladas, com rendimento de 900 a 1,1 mil kg por hectare. 

O economista Paulo Sérgio Franzini, do Departamento de Economia Rural (Deral), da Seab de Apucarana, afirma que a quebra da safra do ano passado foi causada pela geada de 2021, que dizimou muitos cafezais, provocando a erradicação de pés e também motivando muitos cafeicultores a abandonarem a cultura. 

“Nesta safra, há uma recuperação do potencial produtivo do café. A recuperação ainda não é de 100%, porque algumas áreas sofreram mais, mas a evolução é grande”, afirma Franzini. Segundo ele, a queda na área cultivada – de 2.230 hectares para 2 mil hectares – é ainda reflexo da geada de 2021 e da erradicação de lavouras comprometidas. 

A produção deste ano terá algumas peculiaridades também por conta do clima. Franzini explica que o inverno do ano passado foi atípico, com pouco frio em junho e julho, e seca prolongada, que se estendeu praticamente até dezembro. “Essas condições geraram uma floração tardia e mais esparsa, o que afetou a maturação, que não foi uniforme”, assinala. 

Assim, explica o economista, a colheita precisará ser seletiva. “O cafeicultor vai ter que colher de forma parcelada, em até duas ou três etapas, por conta dessa maturação desuniforme. Caso contrário, terá perdas com muitos grãos ainda verdes, o que representará prejuízo na qualidade do café”, comenta. 

Franzini afirma que o café ainda tem importância na economia, especialmente de Apucarana. Dos 2 mil hectares cultivados na região, pelo menos 1,4 mil estão no município. “Apucarana é o 5º maior produtor de café do Paraná”, assinala. Em 2021, o Valor Bruto de Produção (VBP) do grão somou R$ 50,7 milhões em Apucarana. 

Rentabilidade é incentivo aos cafeicultores

O economista Paulo Franzini explica que a saca de 60 kg está atualmente na faixa de R$ 1 mil. “É uma rentabilidade grande, principalmente em pequenas propriedades, quando comparada com a soja”, afirma. 

Premiada em vários concursos de qualidade, a cafeicultura Solange Aparecida Araújo, do Distrito do Pirapó, mostra otimismo com a próxima safra. “A expectativa nossa é de uma colheita bem maior que a do ano passado, com uma qualidade e produtividade também maiores”, diz. Ela explica que a geada de 2021 ainda é sentida porque tem efeitos prolongados, pois o café é uma planta perene, que exige um ou dois anos para dar resultado. “O clima do ano passado foi melhor e as plantas ficaram bem nutridas. Teremos uma boa produção neste ano”, diz. 

Em relação ao preço, ela afirma que a cotação atual caiu em relação à safra passada. Solange acredita que isso ocorra por conta da especulação do mercado. “Mas, de modo geral, ainda está um preço bom”, completa.