O Q.I. — Quociente de Inteligência — é uma das tentativas mais conhecidas de traduzir a complexidade da mente humana em um número. Criado no início do século XX para identificar crianças que precisavam de apoio escolar, o teste acabou ganhando prestígio e passou a ser usado em concursos, clubes de superdotados e, mais recentemente, em processos seletivos de empresas. É aí que começam os equívocos.
Usar o Q.I. como filtro para escolher um profissional é como escalar o vocalista da banda só porque ele canta bem no chuveiro. Soa bem, mas não sustenta o espetáculo.
Os testes medem habilidades interessantes, como raciocínio lógico, memória e velocidade de processamento. Mas ignoram competências decisivas no ambiente de trabalho: empatia, motivação, criatividade, capacidade de lidar com pressões reais e de inspirar os outros. O Q.I., isoladamente, diz muito pouco sobre a inteligência aplicada à vida e aos negócios.
Mais que isso, ele é influenciado por fatores diversos: ambiente familiar, oportunidades educacionais, traumas, estilo de vida e até pelo hábito de resolver palavras cruzadas. Reduzir a inteligência a esse número é tão eficaz quanto julgar um filme de Hitchcock apenas pelo trailer.
O mundo profissional não busca apenas cérebros velozes. Precisa de pessoas completas — com sensibilidade, visão estratégica e disposição para aprender e cooperar. E isso, definitivamente, não se mede com um teste de múltipla escolha.