BISPO DOM CARLOS JOSÉ

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Tempo da Criação

Da Redação

| Edição de 03 de setembro de 2025 | Atualizado em 03 de setembro de 2025

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Deus contemplou toda sua obra, e viu que tudo era muito bom.” (Gn 1,31)

E nós, como estamos contemplando as obras de Deus? Neste mês de setembro, toda a Igreja é chamada a viver o Tempo da Criação e repensar atitudes e práticas efetivas que curem as feridas da terra. O tema para o Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação deste ano, que foi escolhido pelo querido e saudoso Papa Francisco, é “Sementes de Paz e Esperança”, que coincide com o Ano Jubilar nos lembrando que somos todos Peregrinos de Esperança nesta terra.

Mais que coincidência, podemos olhar este tema como providência divina, pois somos frutos da terra também, e temos em nós a essência do Criador que soprou em nós do seu próprio Espírito, nos dando vida, e vida em abundância. E, dessa vida é que devemos tirar a capacidade de produzir frutos, cuidando e preservando o lugar em que vivemos. É urgente sairmos de nosso comodismo e criarmos consciência de que depende de cada um a restauração da vida e da casa comum: o mundo em que habitamos não se restringe à nossa casa, nossa vila ou nossa cidade.

Todas as pessoas são responsáveis por cuidar do que Deus criou, pois, temos a mesma origem: do barro da terra criada por Deus, o homem também foi criado. Ferida a terra, ferida estará a humanidade. São Francisco de Assis expressou de forma magnífica a beleza da criação ao dizer: ‘Louvado sejas, meu Senhor, por todas as tuas criaturas’! E nós, como cuidamos de nós e da criação? Respondemos a Deus no cuidado responsável com aquilo que Dele recebemos de forma gratuita ou simplesmente deixamos que outros o façam? Cuidar da criação, da casa comum, é amar a Deus, o Criador e ao próximo.

Quando olhamos em nosso entorno e cobramos ações de outrem que nós mesmos não fazemos, é sinal de que falhamos tanto quanto ou mais do que aquele a quem cobramos. Assim acontece em quase todas as áreas onde há desgastes que geram prejuízos comunitários. Ninguém fez o que qualquer um poderia ter feito, pois todos acharam que o outro iria fazer. Braços que se cruzam não agem, pensamentos que não se tornam atitudes concretas não solucionam problemas. Assim é na vida pessoal, nas famílias e nas comunidades em geral. No contexto de que somos peregrinos neste mundo, nossa responsabilidade para com o cuidado com a criação é enorme!

O próprio Cristo nos ensina a sermos sementes (Jo 12, 24). E, para que as sementes de esperança possam florescer, elas precisam ser plantadas, cultivadas e cuidadas no agora, no hoje e floresçam para que outros colham os frutos num futuro não muito distante. Onde nos parece que uma pequena semente dará pouco fruto, de pouco valor, o Espírito Santo poderá suscitar um grande pomar, ou uma enorme floresta.

Os carinhos de Deus, seus afagos em nossa alma, na natureza e na humanidade só precisam de nossas iniciativas corajosas e persistentes, de um coração cheio de esperança e de braços que se descruzem e façam acontecer.

O Tempo de cuidar da Criação é agora, o tempo de florescer e de frutificar será quando Deus permitir. O Papa Leão XIV nos exorta a compreender que não somos da Terra e sim, cuidadores dela, responsáveis pela administração adequada que a conserve para que todos dela possam usufruir com saúde, paz e igualdade. Sejamos, pois, peregrinos que plantam esperança pelos caminhos e cuidam para outros usufruam dos frutos que plantamos com amor.