Em menos de dois anos, mais de 70 acidentes ferroviários foram registrados em passagens de nível na região. O número representa quatro ocorrências, em média, por mês. Dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), levantados a pedido da Tribuna, apontam que entre janeiro e julho deste ano já foram registradas 31 ocorrências envolvendo veículos e trens no Vale do Ivaí mais Arapongas, 12 a menos que no ano passado inteiro, com 43 acidentes. Em 2024, o Paraná liderou o ranking nacional como o estado com mais acidentes envolvendo trens.
Em Apucarana foram pelo menos cinco acidentes registrados até ontem envolvendo locomotivas da concessionária Rumo Logistica. O mais recente ocorreu anteontem no Distrito da Vila Reis, e envolveu uma van escolar. O veículo, que faz transporte de professores, colidiu contra uma locomotiva, na passagem de nível da Rua Manoel Bernardes dos Reis. Não havia passageiros no momento do acidente e apenas o motorista ficou ferido.
No ano passado, Apucarana esteve entre os cinco municípios do país com maior número de acidentes ferroviários, com 11 ocorrências, o que reforça a gravidade do cenário local. O vice-prefeito, Marcos da Vila Reis (PP), destacou a necessidade de atenção redobrada nas travessias. “Temos que ter muito cuidado. Estamos acompanhando muitos acidentes nos últimos tempos em linhas férreas. Apucarana é cortada pela ferrovia, temos muitas passagens em nível e isso torna a situação bastante complicada”, alertou.
REGIÃO
Acidentes recentes também foram registrados em outros municípios da região. No último domingo, uma caminhonete colidiu com um trem em Jandaia do Sul, mas os quatro ocupantes saíram ilesos. Nove dias antes, um caminhão colidiu contra um trem no trecho conhecido como Panela de Pedra e, no mesmo dia, uma motorista de um Chevrolet Onix ficou ferida em um acidente semelhante em Cambira, após colidir com uma locomotiva. Em Arapongas, um acidente entre uma caminhonete e um trem foi registrado no início de agosto. Em junho, um acidente em Califórnia resultou na morte de um homem de 45 anos, que teve seu carro atingido por um trem. A filha dele, de 19 anos, ficou ferida.
Segundo a ANTT, a maioria das ocorrências registradas na região foi causada por colisões entre trens e veículos em passagens de nível. Também há registros de atropelamentos e descarrilamentos, embora em menor número. Conforme a agência, grande parte dos acidentes poderia ser evitada com respeito à sinalização e uso correto das passagens autorizadas.
A ANTT também informou que acompanha de perto as ações das concessionárias e cobra a implementação de medidas preventivas. Entre as iniciativas em andamento estão o Programa Nacional de Segurança em Passagens de Nível, com obras de melhoria, implantação de sinalização e campanhas educativas;e monitoramento dos Planos de Ação das concessionárias, garantindo manutenção adequada e restrição de acessos irregulares.
Uso de tecnologias de controle e monitoramento, para reduzir o risco de acidentes e aumentar a segurança operacional, também são citados.
Além disso, a Agência mantém um Painel de Dados com informações públicas sobre acidentes ferroviários, suas causas e as medidas adotadas, garantindo transparência e acesso à sociedade.