À medida que o tempo avança, os líderes do governo federal começam a perceber que perderam a habilidade de gerir a economia eficientemente. A crítica é justificável, tendo em vista que, durante a campanha presidencial, foi amplamente divulgado que haveria uma revolução nesse aspecto. Isso nem deveria ser tão desafiador, considerando que o governo anterior também não apresentou resultados significativos na área econômica.
Os apoiadores do governo anterior podem argumentar que entregaram o governo com contas superavitárias. No entanto, questiono: a que custo? Para alcançar isso, mantiveram os gastos com emendas parlamentares e outros dispêndios discricionários, ao mesmo tempo em que as universidades federais foram paralisadas por falta de recursos. Além disso, houve uma redução drástica nos programas habitacionais e em outras iniciativas de apoio social. Essa situação chega a despertar nostalgia dos conservadores liberais da década de 1980.
Já os apoiadores do governo atual podem argumentar que a economia está em crescimento, que haverá aumento no emprego e que as contas públicas alcançarão o equilíbrio. Contudo, questiono: quando e de que maneira isso ocorrerá? Não observo medidas concretas que indiquem uma perspectiva positiva iminente. O Banco Central publicou uma prévia do desempenho econômico para o ano de 2023, que sugere uma tendência de desaceleração.
No início de 2023, as expectativas indicavam um crescimento econômico inferior a 1%. Ao longo do ano, essas projeções aumentaram para 2,11% e, em dezembro, havia um otimismo de que poderíamos atingir 2,95%. Contudo, a prévia do Banco Central aponta para um crescimento de 2,45%, comparado aos 2,9% de 2022, sinalizando uma desaceleração.
Para 2024, as projeções indicam um crescimento de 1,6%, reforçando a percepção de desaceleração. Apesar disso, os defensores do governo mantêm a esperança de uma reviravolta significativa com a implementação de novas políticas públicas. Contudo, surgem as questões: quais políticas públicas serão essas? E com quais recursos serão financiadas?
Segundo o IBGE, o nível de ocupação no final de 2023 permaneceu praticamente inalterado em comparação ao final de 2022. No último trimestre de 2023, o país registrou 8 milhões de desempregados, 5,4 milhões de trabalhadores subocupados e 3,4 milhões de pessoas desalentadas. Nas grandes regiões, a redução do desemprego no último trimestre foi observada apenas no Sudeste. O governo acredita que os incentivos à indústria irão melhorar os indicadores de ocupação.
Para impulsionar a ocupação, são essenciais incentivos ao setor de serviços, particularmente ao turismo. Contudo, antes disso, é preciso implementar um amplo programa de capacitação para equipar desempregados, subocupados e desalentados com as competências e habilidades necessárias para atuarem no setor de serviços.
A agricultura familiar representa outra valiosa oportunidade para gerar empregos e renda. No entanto, para viabilizar isso, é crucial eliminar os entraves nas cadeias produtivas que diminuem os lucros dos produtores familiares. O trabalho na agricultura familiar é árduo e, devido à baixa remuneração, atrai poucos interessados. Uma abordagem promissora é o modelo dos “Taobao Villages” na China, que tem contribuído significativamente para o desenvolvimento econômico e a revitalização rural no país. Existem alternativas viáveis; o que se faz necessário é que o governo utilize uma lente que corrija a miopia ideológica para poder enxergar o país como ele está e não como eles imaginam.