O leilão de sete blocos de exploração de petróleo na região do pré-sal no litoral do Sudeste terminou com cinco áreas arrematadas e um total de R$ 452 milhões em investimentos contratados. O ágio médio de óleo excedente, que é a divisão de lucro compartilhada com a União, ficou em 91,20%. Em um dos blocos, o sobrepreço chegou a impressionantes 251,63%.
A sessão pública do 3º Ciclo da Oferta Permanente de Partilha da Produção (OPP) ocorreu na sede da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), no Rio de Janeiro. A ANP, responsável pela regulação da indústria do petróleo no Brasil, colocou em disputa sete áreas no polígono do pré-sal, a principal fronteira petrolífera do país, localizadas nas Bacias de Campos e de Santos.
Ganhos futuros
O total de bônus de assinatura alcançou R$ 103,7 milhões. No regime de partilha, que é o modelo de leilão para áreas do pré-sal, o critério para escolha do vencedor não é o valor do bônus, já fixado no edital, mas sim o maior percentual de óleo excedente entregue à União. Este excedente é o lucro da produção após o pagamento dos custos.
Das 15 empresas habilitadas, oito apresentaram lances e cinco foram vencedoras. Destaque para a Petrobras e a norueguesa Equinor, que arremataram duas áreas cada. Em uma delas, formaram um consórcio explorador. O diretor-geral da ANP, Artur Watt Neto, classificou a OPP como “um sucesso”, destacando que o resultado não deve ser medido apenas pelo valor do bônus de assinatura, mas também pelos investimentos futuros, geração de empregos e arrecadação de óleo e royalties, que no regime de partilha é de 15%.
Vencedoras
A Petrobras arrematou dois blocos. No bloco de Citrino, na Bacia de Campos, será operadora com 100% de participação, oferecendo um excedente de óleo de 31,19%, o que representa um ágio de 251,63% em relação ao mínimo previsto no edital. No campo de Jaspe, também na Bacia de Campos, a Petrobras atuará em consórcio com a Equinor, detendo 60% de participação. O excedente oferecido à União é de 32,85%, com ágio de 96,47%.
A Equinor levou sozinha o campo de Itaimbezinho, com um excedente oferecido de 6,95%, sendo o menor ágio da concorrência, de 4,2%. O campo Ametista, na Bacia de Santos, será explorado por um consórcio de duas empresas chinesas, a CNOOC Petroleum (70%) e a Sinopec (30%), com uma parcela de excedente de 9%, ágio de 40,41%. A petrolífera australiana Karoon será operadora única do campo Esmeralda, na Bacia de Santos, com um excedente de 14,1%, representando ágio de 33,78%.
Duas das vencedoras, a Karoon e a Sinopec, são estreantes no regime de partilha no Brasil. Apenas os Campos Citrino e Jaspe tiveram disputa, recebendo mais de uma proposta.
Sem proposta
Os blocos Larimar e Ônix, ambos na Bacia de Campos, não receberam propostas e serão reofertados na próxima OPP. Segundo o diretor-geral da ANP, a ausência de concorrência pode ser explicada pelo atual momento da indústria do petróleo, que enfrenta uma baixa nos preços internacionais.
A situação de Larimar e Ônix é semelhante à de Itaimbezinho, que também não foi arrematado em leilão anterior.
Apetite das empresas
Comentando sobre o apetite das empresas, evidenciado pelo ágio superior a 90%, o diretor-geral da ANP descartou qualquer subdimensionamento do interesse das petroleiras por parte do governo, explicando que a dinâmica de mercado e as análises geológicas influenciam as ofertas.
A diretora da ANP, Symone Araújo, destacou a importância do leilão para o desenvolvimento da indústria do petróleo nacional, mencionando que novos players foram trazidos e que blocos como Ametista e Citrino são bordas exploratórias importantes que incrementam as reservas do país.
Como funciona a OPP
A assinatura dos contratos está prevista para até 29 de maio de 2026. As OPPs são o meio pelo qual o governo oferece blocos exploratórios no polígono do pré-sal e outras áreas estratégicas. No regime de partilha, os interesses da União são representados pela estatal Pré-Sal Petróleo (PPSA), que leiloa o óleo entregue pelas petroleiras à União.
Próximo leilão
A ANP prevê que o 4º Ciclo de OPP ocorra no próximo ano, com até 26 blocos no polígono do pré-sal. O diretor-geral Artur Watt defendeu que leilões ocorram ao menos uma vez por ano, seja no modelo de partilha ou de concessão, para garantir a continuidade das atividades exploratórias.
Em junho deste ano, a ANP realizou o 5º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão (OPC), onde foram arrematados 34 blocos, sendo 19 na Foz do Amazonas, uma nova fronteira de exploração no país. Recentemente, a Petrobras obteve licença do Ibama para iniciar perfuração na bacia sedimentar da Foz do Amazonas.
Com informações da Agência Brasil