O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, destacou a relevância do Brics, sublinhando o papel crucial dos bancos de desenvolvimento, como o BNDES, na promoção da pesquisa e inovação, especialmente nos países do Sul Global. O encontro de cúpula do bloco ocorreu nos dias 6 e 7 de julho, no Rio de Janeiro.
"Os países do Brics estão liderando essa agenda de articulação do Sul Global para que possamos reconstruir as ações multilaterais, estabelecer um novo marco regulatório nas relações financeiras e fortalecer as ações multilaterais que estão sendo enfraquecidas", afirmou Mercadante.
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Mercadante também ressaltou a importância das relações do Brasil com a China, um dos países do Brics. "Se há quem se incomode com o sucesso do crescimento da China, não é o Brasil", afirmou enfaticamente.
O presidente do BNDES participou do seminário A Transição Energética e a Sustentabilidade do Futuro, realizado na sede do banco. Segundo ele, o mundo enfrenta "uma crise global de grandes proporções", exigindo novas soluções e um repensar da relação entre Estado e mercado.
"Não temos modelos a copiar, mas sim nosso próprio caminho. Somos uma nação grande e com muita história, mas precisamos repensar a relação entre Estado e mercado para superar a erosão das instituições multilaterais e do direito internacional", defendeu.
Mercadante enfatizou que o Sul Global deve ser um protagonista na reconstrução de um novo pacto entre as nações, restabelecendo relações multilaterais e evitando um mundo monopolar autoritário.
Ele também defendeu o papel do Estado na promoção da inovação. "Inovação é risco. Sem o Estado para assumir riscos, o processo de inovação é inibido", avaliou.
China
O embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, presente no evento do BNDES, destacou a importância global do Brics e criticou medidas unilaterais e protecionistas, como as dos Estados Unidos.
"O Brics, como vanguarda do Sul Global, posiciona-se do lado correto da História, defendendo a paz, o desenvolvimento e rejeitando hegemonismos", afirmou o embaixador chinês.
Pesquisa e Inovação
Mercadante informou que o edital do BNDES, em parceria com a Finep, para atrair centros de Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PD&I) no Brasil, recebeu 618 propostas, totalizando R$ 57,4 bilhões em investimentos.
O orçamento inicial do edital é de R$ 3 bilhões, mas as propostas serão analisadas para apoiar todos os bons projetos.
O edital prevê o uso de diversos instrumentos financeiros, incluindo crédito e subvenção econômica, operados pelo BNDES ou pela Finep.
As propostas incluem empresas nacionais e multinacionais de países como Alemanha, Japão, e Estados Unidos.
Do total, 368 propostas focam exclusivamente na implantação de novos centros de pesquisa, com investimentos de R$ 37,8 bilhões, dos quais R$ 34,7 bilhões seriam financiados por BNDES e Finep.
Essas propostas indicam a contratação de 4.501 mestres e 2.754 doutores, além de mais de 28 mil funcionários.
"A universidade deve ser mais que um centro de produção de teses acadêmicas. Precisa olhar para a produção e inovação", defendeu Mercadante.
Centros de PD&I são instalações dedicadas a atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico.
Segundo o BNDES, incentivos governamentais são fundamentais para atrair centros de PD&I de multinacionais. Países como China e Índia oferecem incentivos diretos a setores estratégicos.
Brics
O Brics, composto por Brasil, Rússia, Índia, China, e África do Sul, entre outros, representa 39% da economia mundial e 23% do comércio global.
Em 2024, o Brics recebeu 36% das exportações brasileiras, enquanto 34% das importações brasileiras vieram desses países.
Com informações da Agência Brasil