ECONOMIA

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Produção industrial recua 0,2% em julho e acumula efeitos do juro alto

(via Agência Brasil)

| Edição de 03 de setembro de 2025 | Atualizado em 03 de setembro de 2025

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A produção industrial no Brasil registrou uma queda de 0,2% na transição de junho para julho, marcando o quarto mês consecutivo sem crescimento. Esse cenário é atribuído ao ambiente de juros elevados.

Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (3) pela Pesquisa Industrial Mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Entre abril e julho, a indústria acumulou uma perda de 1,5%, com quedas em abril (-0,7%) e maio (-0,6%), e estabilidade em junho (0%). A última vez que o setor industrial brasileiro enfrentou quatro meses sem expansão foi entre novembro de 2022 e fevereiro de 2023.

Comparado a julho de 2024, a produção industrial nacional apresentou um avanço de 0,2%. Nos últimos 12 meses, o setor cresceu 1,9%.

O desempenho de julho coloca o setor 1,7% acima do nível pré-pandemia de covid-19 (fevereiro de 2020) e 15,3% abaixo do recorde histórico alcançado em maio de 2011.

Em relação ao final de 2024, o setor teve uma expansão de 0,3%.

Efeito dos Juros Elevados

Segundo André Macedo, gerente da pesquisa, o cenário negativo desde abril é explicado pela política monetária restritiva, ou seja, os juros altos, que são uma ferramenta do Banco Central para tentar controlar a inflação.

“Em termos conjunturais, destacam-se os efeitos de uma política monetária mais restritiva – que encarece o crédito, eleva a inadimplência e afeta negativamente as decisões de consumo e investimentos. Esses fatores contribuíram para limitar o ritmo de crescimento da produção industrial no período, refletindo-se em resultados mais moderados frente aos meses anteriores”, analisa Macedo.

Atualmente, a taxa básica de juros, a Selic, está em 15% ao ano, o nível mais alto desde julho de 2006. Juros elevados tendem a desestimular o consumo e o investimento, com o objetivo de esfriar a economia e reduzir a demanda por bens e serviços, enfraquecendo assim a inflação.

Em julho, a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acumulou 5,23% em 12 meses, acima da meta do governo de 3%, com uma tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, ou seja, até 4,5%.

A taxa está acima do teto desde setembro de 2024 (4,42%). Em abril, atingiu 5,53%, o ponto mais alto desde então.

Setores em Destaque

Na transição de junho para julho, o IBGE identificou queda em 13 das 25 atividades industriais. Os destaques negativos foram:

  • metalurgia (-2,3%)
  • outros equipamentos de transporte (-5,3%)
  • impressão e reprodução de gravações (-11,3%)
  • bebidas (-2,2%)
  • manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-3,7%)
  • equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-2%)
  • produtos diversos (-3,5%)
  • produtos de borracha e de material plástico (-1%)

Por outro lado, entre as atividades com alta na produção, os principais impactos positivos vieram de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (7,9%), alimentícios (1,1%), indústrias extrativas (0,8%) e produtos químicos (1,8%).

Em relação às grandes categorias, bens de consumo duráveis (-0,5%) e bens de capital (-0,2%) registraram altas na passagem de junho para julho. Bens de capital são máquinas e equipamentos. Por outro lado, bens intermediários, ou seja, que serão transformados em outros produtos, cresceram 0,5% e bens de consumo semi e não duráveis aumentaram 0,1%.

Impacto do Tarifaço

De acordo com André Macedo, o resultado de julho também foi influenciado pelo "tarifaço" americano, que começou na primeira semana de agosto. A ameaça de taxação das exportações brasileiras para os Estados Unidos afetou as expectativas e decisões futuras de empresários, especialmente aqueles com atividades voltadas para o mercado externo.

“Dentro do resultado geral, [o tarifaço] não tem muita importância no momento”, disse Macedo.



Com informações da Agência Brasil