ECONOMIA

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Tarifaço pode impactar vendas de suco de laranja, café, carne e frutas

(via Agência Brasil)

| Edição de 20 de julho de 2025 | Atualizado em 20 de julho de 2025

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A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para os EUA pode ter repercussões significativas para o agronegócio brasileiro. Essa medida pode desestabilizar o mercado, afetar as receitas e pressionar os preços pagos aos produtores. O alerta vem do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP).

Impacto nos principais produtos

De acordo com o Cepea, os produtos mais afetados por essa tarifa são o suco de laranja, o café, a carne bovina e as frutas frescas. O suco de laranja é particularmente vulnerável, uma vez que já está sujeito a uma tarifa fixa de US$ 415 por tonelada. Com a nova sobretaxa, o custo de entrada nos EUA aumentaria drasticamente, prejudicando a competitividade do produto brasileiro no segundo maior mercado de destino.

Atualmente, os Estados Unidos importam cerca de 90% do suco que consomem, e o Brasil é responsável por aproximadamente 80% desse total. Essa situação ocorre em um momento de boa safra em São Paulo e no Triângulo Mineiro, com uma projeção de 314,6 milhões de caixas para 2025/26, um aumento de 36,2% em relação ao ciclo anterior. Com o mercado norte-americano em risco, o acúmulo de estoques e a pressão sobre os preços internos são prováveis, segundo a professora Margarete Boteon, da Esalq/USP.

O café e a cadeia produtiva

Os Estados Unidos são o maior consumidor de café do mundo, importando cerca de 25% do Brasil, especialmente a variedade arábica, essencial para a indústria local de torrefação. Como os EUA não produzem café, o aumento dos custos de importação pode comprometer toda a cadeia interna, que inclui torrefadoras, cafeterias, indústrias de bebidas e redes de varejo. A exclusão do café do pacote tarifário é vista como estratégica para a sustentabilidade da cafeicultura brasileira e a estabilidade da cadeia de abastecimento norte-americana, conforme destaca o pesquisador Renato Ribeiro, do Cepea.

Carne bovina

Os Estados Unidos são o segundo maior comprador de carne bovina brasileira, atrás apenas da China. As empresas americanas respondem por 12% das exportações brasileiras de carne bovina. Entre março e abril, os EUA compraram volumes recordes, acima de 40 mil toneladas por mês, possivelmente em antecipação ao aumento das tarifas. No entanto, nos últimos meses, houve uma redução no volume exportado para os EUA, enquanto as vendas para a China aumentaram. Isso indica que os frigoríficos brasileiros podem expandir suas vendas para outros mercados.

Frutas frescas

No mercado de frutas frescas, a manga é a mais afetada, pois a janela crítica de exportação para os EUA começa em agosto. Já há relatos de adiamento de embarques devido à incerteza tarifária. A uva brasileira, cuja safra é relevante para os EUA a partir de setembro, também está em alerta. Antes do tarifaço, esperava-se um crescimento nas exportações de frutas frescas, impulsionado pela valorização cambial e pela recomposição produtiva. Agora, a expectativa otimista foi substituída por dúvidas, com risco de desequilíbrio entre oferta e demanda nos principais destinos, pressionando os preços ao produtor.

Os pesquisadores do Cepea destacam a urgência de uma articulação diplomática coordenada para revisar ou excluir as tarifas sobre produtos agroalimentares brasileiros. Tal medida é estratégica não apenas para o Brasil, mas também para os EUA, cuja segurança alimentar e competitividade da agroindústria dependem significativamente do fornecimento brasileiro.



Com informações da Agência Brasil