O tradicional Grito dos Excluídos no Rio de Janeiro ocorreu próximo ao desfile cívico-militar, no centro da cidade. Embora o tema principal fosse a soberania nacional, o evento também abordou diversas pautas de sindicatos e movimentos sociais. À frente, mães de jovens mortos por agentes do estado clamavam por justiça.
"Lutamos por uma perícia independente e que esses casos sejam julgados por júri popular. A mesma polícia que mata é a que investiga, e muitas vezes, esses casos vão para júri militar, onde eles mesmos se julgam. Não queremos que outras mães carreguem fotos dos filhos mortos em suas camisas. Lutamos para que os jovens tenham direito à vida", declarou Nívia do Carmo Raposo, mãe de Rodrigo Tavares, militar do Exército assassinado por milicianos em 2015 e fundadora do Movimento de Mães e Familiares de Vítimas da Violência Letal do Estado e Desaparecidos Forçados.
Muitos participantes também protestaram contra as ações do estado de Israel na Faixa de Gaza e em defesa do povo palestino.
"Assim como o Grito dos Excluídos representa a verdadeira soberania do povo brasileiro, entendemos que o principal inimigo é o imperialismo. É uma luta que envolve todos os povos subjugados. Não é apenas uma questão urgente hoje, pois o povo de Gaza está sendo eliminado, mas trazer essa solidariedade é uma maneira de fortalecer a luta de todos os povos", defendeu Leandro Longo, do Comitê em Defesa da Palestina do Sindicato dos Servidores do Colégio Federal Pedro II.
Este ano, o protesto, organizado por centrais sindicais e movimentos sociais em todo o país, escolheu o lema 7 de Setembro do Povo - quem manda no Brasil é o povo brasileiro.
"Não há soberania sem povo. Portanto, quando o governo americano ataca a nação brasileira, ataca todo o povo", enfatizou o presidente do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, José Ferreira.
Ele destacou que as pautas trabalhistas também estão no centro das reivindicações deste ano.
"Uma delas é fundamental para boa parte da população brasileira, que é o fim da escala 6x1. Hoje é o dia de estarmos nas ruas dialogando com a sociedade, nos manifestando e promovendo esse debate, para que ele avance no Parlamento, em defesa da classe trabalhadora", afirmou.
O vereador carioca Rick Azevedo (PSOL), que iniciou o movimento contra a escala 6x1, agradeceu o apoio dos manifestantes.
"Muito obrigado por não desistirem. Por lutarem por um Brasil que respeita a classe trabalhadora. Muito obrigado a todos que querem o fim da escala 6x1. Não vamos recuar. Vamos pressionar o Congresso Nacional", ressaltou.
As pautas sobre a taxação dos super ricos e a isenção do imposto de renda para trabalhadores com renda de até R$ 5 mil também ganharam destaque. Além disso, muitos manifestantes usavam adesivos e empunhavam cartazes pedindo a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, que está sendo julgado por tentativa de golpe de Estado. De tempos em tempos, o protesto entoava "sem anistia".
Uma intervenção artística da Escola de Teatro Popular encenou uma luta entre a população, representada por um cardume de peixes, e os poderosos, simbolizados por tubarões. Ao final, após se unirem em prol de pautas como a reforma agrária, o trabalho digno e a defesa da Amazônia, os peixes conseguem vencer seus atacantes.
Após o término do desfile cívico-militar, o protesto seguiu em marcha pela Avenida Presidente Vargas e Avenida Rio Branco, encerrando-se na Praça Mauá.
Desfile cívico-militar
O desfile oficial de 7 de setembro no Rio de Janeiro ocorreu na Avenida Presidente Vargas, começando em frente ao Palácio Duque de Caxias, antiga sede do Ministério do Exército e atual Quartel-General do Comando Militar do Leste.
Participaram cerca de 5 mil integrantes do Exército, Marinha e Aeronáutica, além das polícias Militar e Civil do estado do Rio de Janeiro, do Corpo de Bombeiros Militar, da Secretaria de Administração Penitenciária e da Guarda Municipal. Alunos de escolas públicas e privadas também desfilaram.
O público assistiu à passagem de 250 veículos, entre blindados, viaturas e motocicletas, além da cavalaria. Aeronaves sobrevoaram a região central da cidade.
Protesto bolsonarista
Outro protesto, convocado por lideranças religiosas e de partidos de direita, ocorreu em Copacabana, na zona sul da cidade. Os manifestantes pediam anistia para os condenados pelos atos golpistas e liberdade para o ex-presidente Jair Bolsonaro. Os participantes também levaram mensagens de apoio ao presidente americano Donald Trump.
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Com informações da Agência Brasil