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Há dois dias sem luz, moradores de São Paulo se adaptam e protestam

(via Agência Brasil)

| Edição de 11 de dezembro de 2025 | Atualizado em 11 de dezembro de 2025

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As cidades da região metropolitana de São Paulo enfrentam um apagão desde terça-feira, com mais de 10% dos moradores ainda sem energia elétrica após a passagem de um ciclone com ventos que ultrapassaram 100 km/h.

No início da noite de hoje, moradores de um bairro próximo à Via Anhanguera, conhecido como "Vila da Biquinha", na região do Pico do Jaraguá, zona norte da capital paulista, bloquearam completamente a via no sentido capital. O protesto teve início por volta das 19h.

A professora Leila Lasnaux, residente no Jardim Orly, zona sul, está sem luz desde as 10h de quarta-feira, descrevendo a situação como caótica. A maior dificuldade enfrentada por sua família, composta por quatro pessoas, é a perda de alimentos.

Impacto do Apagão

No Jardim Orly, o problema começou com a queda de uma árvore que derrubou fios elétricos. A Enel esteve no local, mas não realizou reparos, alegando que a remoção da árvore, responsabilidade da prefeitura, ainda não havia sido feita. Até as 18h desta quinta-feira, a árvore permanecia no local.

Leila já passou por um apagão semelhante em novembro do ano passado, quando a região ficou cinco dias sem energia. "Foi um caos também, só resolveram depois que a situação foi divulgada na imprensa. Nosso receio é que aconteça o mesmo novamente", explicou.

A família precisou se reorganizar, já que a casa possui portão elétrico, dificultando o uso do carro, que agora fica na rua. Além de perder alimentos como peixe e carnes, começam a perder também verduras. Hoje, tiveram que almoçar fora, levando os pais idosos, que têm dieta restrita.

"Achávamos que seria resolvido rapidamente. A Enel inicialmente prometeu consertar a energia em 15 horas, depois em 18, mas ainda não foi resolvido. Para manter o celular funcionando, compramos um gerador a gasolina, mas ele tem baixa potência, permitindo apenas carregar celulares e tentar manter a geladeira funcionando, mas não é suficiente", complementa Leila.

Desafios em Outras Regiões

A roteirista Erica Chaves, moradora do Butantã, também enfrenta problemas com a falta de luz desde as 12h de quarta-feira. "Cheguei em casa do mercado e descobri que estava sem luz. Tinha feito compras da semana, com carne, peixe, iogurtes, e agora busco alternativas para não perder tudo", relata.

Diferente de Leila, Erica não sabe a causa do problema. Segundo ela, não há árvores caídas ou transformadores queimados. A Enel alterou a previsão de reparo pelo menos cinco vezes em 24 horas. Sem condições de carregar o celular, ela enfrentou dificuldades na manhã desta quinta-feira.

"Com previsão de retorno para as 10h, esperei. Tinha uma reunião às 11h. Às 10h10 precisei sair para buscar uma alternativa para carregar meu celular. Passei por uma base da Guarda Municipal, também sem luz. Andei quatro quarteirões até encontrar um vizinho que me permitiu carregar o suficiente para manter meu compromisso. O pior é esse descaso, esse desamparo, pois as previsões não se cumprem e não há como planejar", reclama Erica.

Problemas com Geradores

No bairro Raposo Tavares, a síndica Regina Mantovani também enfrenta dificuldades com a falta de energia desde a tarde de quarta-feira. O condomínio onde mora, com quase mil unidades, está sem energia, afetando áreas comuns. As torres funcionam com geradores a diesel, mas houve dificuldade em conseguir combustível para mantê-los operando.

"Os moradores às vezes acham que a culpa é nossa ou que não estamos tomando providências. Hoje já fiz três viagens para comprar combustível para o gerador. Passei por três, quatro postos na região. Não é que falta combustível, mas sem energia, não conseguem operar as bombas para abastecer. Nosso galão de 25 litros suporta apenas duas horas", explica a gestora.

Regina também enfrenta dificuldades com a instabilidade da internet, essencial para seu trabalho.

"Cada vez que ligamos para a Enel e fazemos um protocolo, eles dão uma previsão. Agora, parece que só à meia-noite do dia 12 irão arrumar. Se a empresa viesse aqui, bastaria dois minutos para ligar uma chave no transformador. Mas às vezes nem atendem mais, o que nos prejudica", conta Mantovani.

A Agência Brasil tentou contato com a Enel para questionar a demora no atendimento nos três bairros, mas não obteve resposta até a conclusão desta reportagem.



Com informações da Agência Brasil