Uma profissão que abriu portas e oportunidades. É assim que Alcides Moreira Martins, de 77 anos, define o ofício de barbeiro, que exerce desde 1965. Natural de Acopiara, no Ceará, ele veio para Apucarana em 1967. Em 1968 abriu sua própria barbearia na Praça Rui Barbosa, mesmo local onde até hoje, atende uma clientela fiel. Autodidata na profissão, ele conta que decidiu aprender a cortar cabelo para deixar o trabalho pesado na roça.
“Com 19 anos, trabalhava na roça de segunda a sexta-feira. Nos fins de semana, pegava os parentes para aprender a cortar cabelo. Meu tio era barbeiro, então observava ele trabalhar até que decidi comprar um cortador de segunda mão para mim e iniciei na profissão”, lembra Martins.
Com um irmão já estabelecido em Apucarana, ele veio para a cidade em 1967, onde começou a trabalhar por comissão em uma barbearia na rodoviária. Após um ano como funcionário, ele decidiu que era hora de começar o próprio negócio.
“Comecei aqui nesse ponto em 1968 e estou aqui até hoje. Naquela época, o prédio mais alto que tinha na cidade era o Edifício Stabile, de sete andares. Daqui dessa porta eu vi a cidade crescer e se desenvolver”, pontua.
A respeito das muitas novas barbearias que surgem a cada ano na cidade, ele diz não se preocupar.
“Eu sou barbeiro à moda antiga. Até pensei em dar uma modernizada por aqui, a gente vê que hoje em dia o pessoal montar bar na barbearia, coloca mesa de sinuca, mas eu decidi continuar assim. Meu patrimônio é minha freguesia antiga”, diz.
O advogado Wladimir Ortigoza, de 81 anos, é um desses fregueses. Cliente desde o início da barbearia, em 1968, ele comparece todos os meses, para garantir o corte de cabelo.
“O Alcides recepciona bem, é competente e gosto do trabalho dele. Por isso, sou cliente há tanto tempo. Se ele parar de trabalhar estou lascado, não sei o que vou fazer”, diz o cliente, aos risos. (ALINE ANDRADE)