Incentivo à agricultura familiar e ferramenta de garantia de segurança alimentar. Essas são as principais características do Programa Compra Direta, do Governo do Paraná. A ação acaba de iniciar um novo ciclo de entregas nos 15 municípios atendidos pelo Núcleo Regional de Ivaiporã da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab).
A iniciativa adquire alimentos de cooperativas e associações da agricultura familiar, que fazem a entrega direta a entidades da rede socioassistencial, como restaurantes populares, cozinhas comunitárias, bancos de alimentos e hospitais filantrópicos.
No total, 11 associações e cooperativas atendem os municípios da região. Cerca de 9 mil pessoas, de 32 entidades sociais, recebem alimentos frescos por semana. Os produtos vêm direto de pequenos agricultores locais.
Segundo Carlos Alberto Ferreira, da Seab de Ivaiporã, responsável pelo programa na regional, o Compra Direta surgiu durante a pandemia da Covid-19. Desde então, tornou-se uma ferramenta importante para melhorar a alimentação de pessoas em situação de vulnerabilidade social.
O público atendido inclui famílias acompanhadas pelos CRAS, moradores de asilos, hospitais e casas-lares. “Antes, muitos recebiam apenas alimentos industrializados nas cestas básicas. Agora, eles têm acesso a frutas, verduras e legumes frescos”, destaca Carlos Alberto.
O contrato é anual e começa com as primeiras entregas entre o fim de maio e o início de junho.
“São produtos orgânicos ou convencionais, todos com pagamento diferenciado para o produtor. As entidades recebem direto nas suas sedes e, no caso de instituições que servem refeições, os alimentos vão para preparo interno”, explica Carlos Alberto.
O Estado faz um chamamento público para selecionar as cooperativas e associações fornecedoras. Uma das associações da regional que participa do contrato é a Associação de Produtores e Agricultores Familiares de Ivaiporã (Aprovale). Segundo o presidente Roni Cobianchi, são 230 famílias de produtores associadas.
Ele explica que em Ivaiporã os produtos chegam à Central da Agricultura Familiar (CAFI) e são levados ao Hospital Bom Jesus, ao Hospital e Maternidade Ivaiporã, ao Cras e ao Lar dos Idosos.
Para o presidente da Aprovale, o programa representa uma oportunidade importante para os pequenos agricultores. “O Compra Direta é uma renda garantida para as famílias. Isso fortalece a agricultura familiar e melhora a qualidade da alimentação nas instituições”, afirma Roni.
Investimento de R$ 70 milhões
As aquisições do programa são feitas através de chamada pública. Por meio dela são contratados os gêneros alimentícios. Para esta edição, deverão ser contratadas 185 Associações e Cooperativas em todo Paraná, de todas as regionais do Estado, totalizando um investimento de R$ 70 milhões, provenientes do Fundo Estadual de Combate à Pobreza. Nos próximos 12 meses serão entregues 63 gêneros, de 10 grupos: arroz, complementos, farinhas, feijão, frutas, hortaliças, legumes, ovos, pão, polpas e sucos, totalizando 8.300 toneladas.
Desde seu lançamento, o Compra Direta Paraná quase quadruplicou os investimentos, saltando de R$ 18,3 milhões em 2020 para R$ 77 milhões neste ano. Cerca de 19 mil toneladas de alimentos já foram distribuídas para todos os municípios paranaenses.
A política integra o conjunto de ações do Paraná no Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN), do qual o Estado é protagonista, com 343 municípios integrados – o maior número do país –, respondendo por 23% do total nacional.
Sem sobras nos canteiros
O agricultor familiar Diego Bertoncine, de Ivaiporã, viu a rotina mudar nos últimos dois anos. Associado da Aprovale, ele agora entrega hortaliças direto para a Central da Agricultura Familiar.
“Antes, eu vendia só em feiras e mercados. Agora tenho um comprador certo, com preço justo, e não tenho mais perdas na roça”, conta.
Diego cultiva hortaliça em uma área de 2.500 metros quadrados na região do Severiano. Alface, repolho, couve-flor, brócolis, salsinha, cebolinha, couve, tomate e abobrinha estão entre os principais produtos. “O que a gente produz, vendemos. Não sobra nada”, diz o agricultor.