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Registros de dengue dobram e somam 1,6 mil em Apucarana

Adriana Savicki

| Edição de 16 de janeiro de 2024 | Atualizado em 16 de janeiro de 2024
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somam 1,6 mil em Apucarana

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O número de casos de dengue dobrou em Apucarana em uma semana e chegou a 1.602, segundo boletim da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa-PR) divulgado ontem. Na semana passada, eram 801 registros. Neste boletim, Apucarana aparece como o município com maior número de casos do Estado. O avanço da dengue se acirrou também em outros municípios do Vale do Ivaí e do Paraná, motivando uma reunião ontem entre gestores das 77 cidades mais afetadas e técnicos da Sesa, comandados pelo secretário de Estado da Saúde, Beto Preto. 

Na área da 16ª Regional de Saúde de Apucarana, que compreende 17 municípios, o número de casos aumentou 74% na última semana, totalizando 2.592 registros. Na semana passada eram 1.488. São quatro municípios em epidemia: Apucarana, Borrazópolis, Kaloré e Jandaia do Sul. Em Jandaia do Sul, o número de casos cresceu 37% no período. O município soma 657 casos e é o quarto do Estado em número de confirmações. 

O número de internações relacionadas à dengue também vem crescendo. Trinta e nove pacientes com diagnóstico de dengue ou suspeita da doença estão internados no Hospital da Providência, de Apucarana, segundo boletim divulgado ontem. O número de pacientes internados mais que dobrou em pouco mais de 10 dias. Em 5 de janeiro, eram 14 pacientes hospitalizados .

Segundo levantamento da Sesa, a 16ª RS é a regional com maior número de casos positivos, seguida da 17ª RS de Londrina (1.563) e 14ª RS de Paranavaí (1.474) .

Na área da 22ª RS de Ivaiporã, que abrange 17 municípios, o município sede mais que dobrou o número de casos. Ivaiporã tinha 130 confirmações no boletim da semana passada e soma agora 334.

Em todo Estado, o novo informe semanal da dengue divulgado ontem registra 3.593 novos casos. Não há confirmação de óbitos neste boletim.

“Este é o momento de unir forças. Estamos presenciando uma curva ascendente de casos no Paraná e por isso tomamos a iniciativa de reunir estes gestores para discutir e orientar na ação dos municípios. O Estado vem realizando inúmeros esforços, que vão desde a utilização do fumacê até capacitações sobre o manejo clínico de pacientes com dengue, além de repasse de recursos. Porém, é preciso chegar até o quintal da casa da população e a ação da esfera municipal é imprescindível para o êxito”, alertou o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, ontem na reunião entre gestores municipais e técnicos de vigilância. 

O encontro, que aconteceu no Palácio Iguaçu, contou com representantes dos 77 municípios mais afetados no Paraná e promoveu estratégias para controle vetorial, além de orientações para manejo de pacientes.

Dos 399 municípios do Paraná,  271 têm casos confirmados: Apucarana (1.602), Londrina (1.276), Maringá (860), Jandaia do Sul (657), Santa Izabel do Oeste (604), Paranavaí (543), Capitão Leônidas Marques (504), Jacarezinho (455), Querência do Norte (382) e Paranaguá (374) são as cidades com mais registros.

Eliminação de criadouros e conscientização

Entre os principais pontos salientados na reunião de ontem está a intensificação do trabalho para eliminação de criadouros em áreas prioritárias, uma ação que, de acordo com a coordenadora de Vigilância Ambiental da Sesa, Ivana Lúcia Belmonte, envolve um grande processo de conscientização popular. “É preciso realizar um trabalho casa a casa, que promova a busca contínua de focos de dengue e isso somente é possível com a ação do cidadão. Orientações básicas como eliminação de objetos que possam acumular água podem fazer a diferença nessa luta”, avaliou.
Outro tópico abordado envolveu o manejo do paciente suspeito de dengue. A Sesa orienta o início imediato do tratamento, especialmente com hidratação.
Referência em casos de dengue, UBS Bolivar Pavão atende quase 300 pessoas diariamente
Reflexo do aumento de casos, a UBS Bolívar Pavão, de Apucarana – especializada no atendimento da dengue - atendeu aproximadamente 280 pessoas diariamente nos últimos 15 dias. Os dados repassados pelo Departamento de Vigilância e Epidemiologia da Autarquia Municipal de Saúde mostram que em 15 dias foram registrados 4.176 atendimentos na unidade, sendo que 2.044 pessoas passaram pela consulta médica entre o dia 1º ao dia 15 de janeiro.
A reportagem esteve na UBS ontem pela manhã e encontrou um grande número de pacientes aguardando atendimento. Entre eles estava a vendedora Angelita Teixeira, de 53 anos, que reclamava de dor e da demora no atendimento. “Estou com muita dor, não consigo comer e está piorando. Cheguei cedo e até agora não fui atendida”, disse a moradora, que aguardou aproximadamente 2 horas. 
A aposentada Eva de Lourdes Scobar, 69 anos, é outra paciente que esteve na unidade. Moradora do Jardim Interlagos, ela conta que outras pessoas da família também estão doentes. “Meu genro está com sintomas e vai fazer os exames e minha filha também está com dengue”, relata. 
Os pacientes relataram sobre sintomas como dor de cabeça, dores no corpo e articulações, além de prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e coceira na pele. “Sexta-feira começou com dores nas costas, febre, vômito, dores na barriga e fraqueza”, relatou a assistente de logística Mayara Hilary da Silva, 19 anos. Ela mora na região do Parque da Raposa e também reclama que a população não está preocupada com a doença. “O pessoal não se cuida. Estão achando que é brincadeira”, afirma. 
Entre os pacientes entrevistados, alguns já haviam procurado atendimento anteriormente. Como é o caso da professora aposentada Cleonice Frz, de 58 anos. Ela decidiu retornar após sentir piora nos sintomas. “É a segunda vez que estou procurando atendimento médico nesta semana”, comentou. Ela mora no Marcos Freire e contou que o bairro está com muitos casos da doença. (Cindy Santos e Lis Kato)