O ressurgimento da coqueluche após três anos sem rastro da doença na área da 16ª Regional de Saúde (RS) de Apucarana coloca a região em alerta. Um caso foi confirmado em Faxinal e outros 10 suspeitos estão em investigação. A última vez que a 16ª RS identificou pacientes com coqueluche foi em 2020, quando dois bebês e um jovem foram infectados. O retorno da tosse comprida na região ocorre em meio a um surto da doença no Paraná, com escalada de 2667% no número de casos nos últimos três anos.
Em 2021 foram registrados nove casos, número que cresceu 27 vezes neste ano, com a confirmação de 249 casos entre janeiro a agosto e três mortes.
Segundo a 16ª RS, o caso confirmado é Faxinal. Trata-se de um bebê de apenas 40 dias que teve material coletado e encaminhado ao Laboratório Central do Estado (Lacen), com resultado positivo divulgado em 15 agosto. Conforme a coordenadora da Atenção Primária em Saúde de Faxinal, Polyana Hernandes Guerra, o menino não precisou de internamento hospitalar. O paciente passou por tratamento na rede municipal de saúde e foi acompanhado por um pediatra de alto risco no Consórcio Intermunicipal de Saúde do Vale do Ivaí e Região (Cisvir).
A enfermeira destacou as ações preventivas tomadas para evitar a disseminação da doença. “A família tem três filhos que não foram infectados. A saúde realizou uma ação de bloqueio, fazendo profilaxia. Os irmãos tomaram antibiótico para prevenir a doença”, completou Polyana.
ÓBITOS NO PR
Três mortes pela doença já foram confirmadas no Paraná neste ano. Todos os pacientes eram bebês com três, cinco e seis meses, naturais de Curitiba e Londrina. O último óbito foi confirmado na última sexta-feira pela Prefeitura de Curitiba. O paciente era um bebê, do sexo feminino, de cinco meses de idade, que morreu no dia 25.
Até então a última morte foi registrada em 2019, em Ponta Grossa, nos Campos Gerais.
Doença é causada por bactéria
A coqueluche, conhecida popularmente como “tosse comprida”, é uma doença aguda respiratória altamente contagiosa causada pela bactéria Bordetella Pertussis. Os sintomas mais comuns são tosse seca, falta de ar, febre e cansaço. O contaminado pode infectar outras pessoas via gotículas da tosse, espirros ou mesmo ao falar. Segundo o Ministério da Saúde, em alguns casos, a transmissão pode ocorrer por objetos recentemente contaminados com secreções de pessoas doentes, mas isso é pouco frequente.
“É uma doença que sempre existiu, mas com a vacinação, que já existe há pelo menos 20 anos, o índice de acometimento da coqueluche diminuiu bastante”, explica o pediatra apucaranense Luiz Henrique Veloso.
Segundo o especialista, as crianças são o público mais vulnerável e suscetível a complicações causadas pela doença, devido ao sistema imunológico imaturo. “É uma doença que pode começar simplesmente como um quadro gripal, e na maioria das vezes, como o diagnóstico nem sempre vai ser realizado no início, pode ir durando semanas, duas até que os sinais de piora vão ficando mais evidentes”, explica.
Entre as orientações, o médico ressalta a manutenção de boas práticas de higiene e da vacinação. “O método mais eficaz para prevenção, principalmente dos casos graves, é realmente a vacinação”, ressalta.
Cindy Santos e Lis Kato