Após deixar a Secretaria de Estado da Saúde, na última quarta-feira, o deputado federal Beto Preto (PSD) confirmou nesta sexta-feira, em entrevista ao TNOnline, que pode concorrer à Prefeitura de Apucarana nas eleições de 6 de outubro deste ano. Ele também fez duras críticas ao atual prefeito Junior da Femac (MDB) e disse que hoje é oposição à atual gestão.
“Eu saí da Secretaria da Saúde para ficar viável na eleição para poder discutir o futuro da cidade. Se for necessário, estou à disposição (para concorrer a prefeito), como sempre estive. Nunca deixei de discutir os assuntos da cidade, nunca me furtei dos assuntos da cidade, muito pelo contrário”, disse.
Ele fez um balanço positivo de sua atuação na Secretaria de Estado de Saúde nos últimos cinco anos. “Temos um governador (Ratinho Junior) que deu atenção para a regionalização da saúde. Nós conseguimos abrir serviços e enviar recursos ao longo dos últimos cinco anos para os municípios. Foram R$ 4 bilhões descentralizados para atenção primária. Mas não foi só isso. Fizemos grandes convênios com hospitais para reformular, reequipar e ampliar. Nossa região não ficou de fora. Temos obras em todos os municípios do Vale do Ivaí, contando Apucarana, Arapongas e Ivaiporã, entre outros. Foi um ciclo virtuoso. Não me recordo – nem como secretário de saúde nem como prefeito - de ter um governo tão voltado à saúde dos municípios como o governo Ratinho Júnior”, destacou.
Beto Preto também lembrou das dificuldades com a pandemia de covid-19. “Em determinados momentos, a grande sensação era de ‘enxugar gelo’. Em um episódio, abrimos 52 leitos de UTI em 36 horas. Entre abrir as vagas, às 7h da manhã até o final do dia, por volta das 18 horas, as 52 vagas já estavam ocupadas. Ali eu percebi que nós estávamos diante de algo que não havia contexto anterior””, disse.
CONCILIANDO FUNÇÕES
Em relação às críticas que recebe por ter deixado o mandato de deputado federal para reassumir a Secretaria de Estado da Saúde, o ex-prefeito assinala que procurou conciliar as duas funções, atuando até mesmo como deputado estadual, representação que, segundo ele, Apucarana não tem.
“Eu fiz o papel de deputado estadual, fiz o papel de deputado federal e continuei secretário de Estado. Ser secretário de Estado é maior até que ser deputado. Muitas pessoas falam ‘votei em você para ser deputado e representar Apucarana’ e eu respondo: ‘fique tranquilo, eu continuo em Brasília, continuo em Curitiba, continuo secretário e continuo deputado”, disse.
Como parlamentar, Beto Preto citou emendas para o Hospital da Providência, liberadas recentemente, e outros recursos em outras áreas, como verbas para pavimentação, melhoria nos serviços de fornecimento de energia elétrica, com a nova subestação da Copel, e também no abastecimento de água, entre outros investimentos. Segundo Beto Preto, essas conquistas são resultado do trabalho dele como deputado.
Por outro lado, ele reforçou a importância e a representatividade de ser secretário de Saúde. “Nunca houve, em 80 anos de Apucarana, um secretário de Estado com o peso de ser secretário da Saúde. Uma secretaria que mexe com a vida de todo mundo. Temos um orçamento de R$ 7 bilhões por ano. Isso tudo requer muita responsabilidade e muito olhar técnico”, assinalou.
Construção de hospital foi um dos motivos da ruptura política
Em relação ao prefeito Junior da Femac, o deputado e ex-prefeito Beto Preto fez fortes críticas, principalmente à questão da epidemia de dengue, que resultou em 16 mortes até o momento na cidade. “Quem vai se responsabilizar pelos 16 óbitos por dengue em Apucarana?”, questionou.
Beto Preto afirma que alertou três vezes o município sobre o aumento da proliferação do Aedes aegypti, transmissor da doença. “No ano passado, o crescimento dos casos de presença do mosquito Aedes aegypti era fora do comum em Apucarana e não fomos ouvidos”, criticou.
Ele afirmou ainda que deixou a administração em boa situação. “Deixei a prefeitura com R$ 56 milhões em caixa, R$ 22 milhões livres e o restante de contas vinculadas. Paguei R$ 65 milhões ou 70 milhões de dívidas dos meus antecessores. Deixei todas as certidões em dia e economizamos o que era possível economizar para poder ter um pouquinho de dinheiro para fazer investimentos”.
Beto Preto revelou também que a construção do Hospital de Apucarana foi o principal motivo da ruptura com o prefeito Junior da Femac, que foi seu vice e teve seu apoio quando reeleito. “Com 90 dias no novo mandato, sem falar com ninguém, ele resolve construir um novo hospital. Isso sem falar com o secretário de Estado (da Saúde), sem falar com a sua equipe. Resolveu reformar um hospital que tem 70 anos, quando na verdade nós precisamos de um hospital de 150 leitos e não de 40 leitos”, disse.
Lembrou ainda que tem mandado emendas para o município, mas que não há relação com o prefeito há um ano e meio e que suas ações que beneficiam a prefeitura “não são divulgadas”.