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Ninguém mais quer ser professor hoje em dia? Um Lamento e um despertar

Da Redação

| Edição de 15 de agosto de 2024 | Atualizado em 15 de agosto de 2024

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Em um mundo em constante transformação, onde a velocidade da informação e o efêmero da atenção parecem ser as únicas constantes, a figura do professor, antes venerada, se vê em uma posição delicada. O que antes era um chamado, um desejo de moldar mentes e corações, agora se torna um fardo. Ninguém mais quer ser professor. Mas fique calmo, caro leitor e leitora, isso não quer dizer que eu não queira ser professora ou não ame minha profissão, só revela que a cada dia que passa temos menos alunos interessados em seguir essa carreira. 

Os dados são alarmantes. As faculdades de educação, uma vez repletas de aspirantes a educadores, registram uma queda significativa em matrículas. O que está por trás dessa desilusão? A resposta, como um labirinto, revela-se em várias camadas: a desvalorização da profissão, a falta de apoio institucional e, principalmente, o desgaste emocional que a sala de aula impõe. As coisas mudaram e não foi para melhor, ainda que a esperança não tenha morrido. 

A carreira docente, que deveria ser uma jornada de crescimento e aprendizado mútuo, se transforma em um campo de batalha. Os professores, que deveriam ser os guias de nossos jovens, se veem lutando contra um sistema que frequentemente não os valoriza. O baixo salário, as longas horas de trabalho e a pressão por resultados imediatos criam um ambiente onde o entusiasmo se esvai, dando lugar ao cansaço e à frustração. Pessoas que nunca pisaram em sala de aula dizendo como os professores devem agir, uma constante exposição, a fragilidade de sua autoridade diante do poder dado aos pais pelas escolas, na pública pelo medo de repercussão e, na privada, pela mensalidade que “paga o seu salário”, tem colocado o professor no canto de castigo. Ainda que essa não seja a minha realidade, é impossível não ser empática com os meus colegas de profissão. 

Neste contexto, como professora e mentora de inteligência emocional, sinto a urgência de trazer à tona a importância da saúde mental na educação. Precisamos olhar para o professor como um ser humano, não apenas como um transmissor de conhecimento. A educação não é apenas sobre conteúdos; é sobre conexões, empatia e resiliência. Quando um professor se sente apoiado emocionalmente, ele pode, por sua vez, transmitir essa força aos alunos, criando um ciclo virtuoso de aprendizado e crescimento. Os alunos que poderiam ser professores, se sentem impelidos pela realidade que assistem de perto. Afinal, quem quer ser professor?

A ausência de novos educadores não é apenas uma perda para as instituições, mas uma lacuna na formação de futuras gerações. O que podemos fazer, então? Precisamos reimaginar a profissão, promovendo uma valorização real e efetiva, oferecendo suporte emocional e criando um ambiente onde os educadores possam florescer. O desafio é grande, mas o impacto que podemos ter na sociedade é ainda maior.

Se não cuidarmos de nossos professores, como poderemos cuidar de nossos jovens? O futuro da educação depende da transformação da imagem do professor. Que possamos, juntos, cultivar um terreno fértil onde o desejo de ensinar possa renascer, onde cada educador sinta que sua missão é digna e essencial. Afinal, a educação é a chave para um mundo mais consciente e empático, e os professores são os guardiões dessa chave.

PS: Setembro Amarelo está chegando e Dia dos Professores também, mas não vale nos outros meses?

Thais N. D. Bomba