ROGÉRIO RIBEIRO

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A união faz a força

Da Redação

| Edição de 23 de agosto de 2022 | Atualizado em 23 de agosto de 2022

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A dinâmica econômica regional pode ser acompanhada e avaliada pelo saldo da balança comercial. No caso do Vale do Ivaí temos que este saldo foi crescente nos últimos quatro anos. Em 2018 o saldo comercial externo foi de US$ 33,6 milhões e saltou para US$ 63,1 milhões no ano de 2021. Nos primeiros sete meses do ano de 2022 o saldo já acumula um total de US$ 12,7 milhões.

Nem todos os municípios possuem movimentação comercial com o setor externo. Dos 26 municípios somente 15 exportam e 10 importam, sendo que três apresentaram resultado comercial deficitário em 2021. Jandaia do Sul, embora não apresentou déficit no ano de 2021, o apresentou nos anos de 2018 e 2019. Esta condição não significa nada de ruim, pois o desempenho depende, além do valor, de sua composição.

Os municípios de Califórnia, Faxinal e Marumbi são os que apresentaram volume de importações superiores aos de exportações. Dos que possuem saldo superavitário em 2021 os destaques ficam para São Pedro do Ivaí e Apucarana com saldos de US$ 32,9 milhões e US$ 13,2 milhões, respectivamente.

Embora seja uma forma de analisar a dinâmica econômica regional não se pode estabelecer o rótulo de crescimento ou de desenvolvimento regional a partir somente do saldo comercial externo do município e da região. Esta análise é muito mais complexa e deve ser estudada e avaliada com muita cautela.

O desenvolvimento de uma região pode ser entendido como sendo um estágio ou um processo e o estímulo deste desenvolvimento pode ocorrer de forma episógena, através de intervenções externas, ou de forma endógena, baseada em valores locais. Fato é que o desenvolvimento econômico regional deve passar por um acompanhamento e coordenação, tipo uma governança. Sem esta coordenação o desenvolvimento até pode ocorrer, mas poderá demorar muito mais tempo.

No caso do desenvolvimento baseado em valores locais (endógeno) os elementos importantes são os patrimônios natural, histórico e cultural. Portanto, essa governança/coordenação deve ser multi e interdisciplinar e multisetorial, não podendo recair numa constituição tipo “chapa branca”, onde apresente uma composição majoritária de representantes de órgãos públicos. O setor produtivo privado, as instituições civis organizadas e representantes de movimentos sociais podem e devem participar. De forma paritária.

Boa parte das tentativas que recaem sobre grupos concentrados não acabam surtindo efeitos positivos nas suas funções finalísticas. Outro elemento a ser considerado é a utilização políticas do processo em períodos eleitorais. Este comportamento pode gerar a insatisfação da parte que não aprecia o envolvimento político-partidário do processo, afastando-os e fragilizando a governança. Com isto muito esforço pode ser perdido e o processo de tornar cíclico e estéril.

A questão do desempenho comercial externo da região do Vale do Ivaí pode e deve ser estudada com mais profundidade e identificados os fatores de oportunidades e de desafios para diversidade econômica regional. O fator locacional da produção é importante e fundamental para o diagnóstico, avaliação e coordenação do processo de desenvolvimento, mas não deve ser considerado como único.

Para além da questão da localização das atividades produtivas também temos que considerar um conjunto de ações efetivas de políticas públicas e de envolvimento dos residentes no processo de desenvolvimento. Nossa região é rica e podemos melhorar o padrão da qualidade de vida, mas para isto a união dos atores é o começo de tudo. Juntar significa fortalecer.