Em 1º de setembro, as ondas curtas da Rádio Nacional da Amazônia celebraram 48 anos de história, levando música, informação e entretenimento a todos os cantos da região Norte do Brasil. A comemoração, transmitida ao vivo, reuniu ouvintes e a equipe que faz essa conexão entre a Amazônia e o mundo.
“Cheguei aqui nos anos 70, junto com a inauguração da Nacional da Amazônia. É um privilégio, uma sintonia muito fina, as cartas que recebemos, as sementes plantadas em nossa homenagem, as crianças batizadas com nossos nomes. É uma honra acompanhar essa trajetória de tanto sucesso”, compartilhou a apresentadora Mara Régia.
Essa proximidade entre a emissora e seu público, muitas vezes distante das facilidades dos grandes centros, promove transformações significativas. Um exemplo é Cláudio Paixão, que cresceu com a Rádio Nacional da Amazônia na fazenda onde vivia, em Estreito, no Maranhão.
“Até 2006, lá na fazenda não tinha energia elétrica. O único meio de comunicação que a gente tinha era o rádio. Sendo longe da cidade, a FM não chegava, então a gente tinha somente as ondas curtas. A Nacional da Amazônia foi fundamental para eu traçar minha trajetória de vida profissional”, afirmou.
Oportunidades
Cláudio rompeu um ciclo de gerações de agricultores e formou-se jornalista e pesquisador da Nacional da Amazônia, reunindo o maior acervo de conteúdo já transmitido pelas ondas curtas da rádio. “Eu saí, estudei, formei por causa dessa influência que a rádio desempenhou na minha vida”, revelou.
Essa influência continua a alcançar novas gerações, como o público da apresentadora do programa Nacional Jovem, Ediléia Martins. “Por mais que tenhamos novas tecnologias, meios de comunicação melhores, aquele radinho de pilha continua sendo a companhia de muitos”, destacou.
Conexões
A relação com ribeirinhos, pescadores, indígenas, quilombolas, extrativistas e tantos outros ouvintes faz da Nacional da Amazônia uma companhia essencial em muitos momentos da vida. “Toda a minha conexão com o mundo e da minha família era feita através do rádio”, lembrou a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.
Acreana e filha de seringueiro, a ministra recorda a importância central da Nacional da Amazônia no seringal. “Aprendi a me expressar, mesmo sendo analfabeta, ouvindo as novelas da rádio”, recordou Marina.
Futuro
Todas essas histórias, as cartas de ouvintes e memórias criadas desde 1º de setembro de 1977 foram celebradas na comemoração dos 48 anos da rádio, quando também foi lançada a cápsula do futuro para reunir mensagens para a Amazônia 50 anos, a serem lidas e reveladas em 2027.
A programação fez parte da Semana da Amazônia, que se estende até o dia 5 de setembro com atividades que incluem a experiência imersiva Amazônia Viva. “É uma honra estar aqui festejando a rádio e trazendo essa experiência que teletransporta as pessoas para dentro da realidade de um indígena que vive dentro da Floresta Amazônica, podendo retratar para o povo brasileiro a perspectiva de quem vive a Amazônia e suas nuances”, afirmou Daniel Vicente, coordenador dos projetos Amazônia Popular e Amazônia nas Comunidades, responsáveis pela iniciativa.
Durante a abertura da programação, o presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), André Basbaum, destacou a importância da Rádio Nacional da Amazônia, não apenas para a região, mas para o mundo. “A gente sabe do papel da radiodifusão na história do Brasil e da comunicação, sobretudo nos lugares mais distantes do país, como a imensa floresta amazônica, e do compromisso que o país tem com o meio ambiente, com os povos originários que cuidam do território. Essa é uma agenda do Brasil e do mundo”, concluiu.
Com informações da Agência Brasil