"Amou-nos até o fim” (Jo 13,11).
Adentramos na quinta semana da Quaresma. Ao longo destes quarenta dias, fomos introduzidos pela Liturgia nas meditações que antecedem a Semana Maior: nossos corações, caso tenham estado atentos, serão agora introduzidos na vivência do Mistério central de nossa fé!
A Semana Santa, chamada também de Semana Maior, deve ser para todo cristão um momento de mergulhar na vida de Cristo, que mergulhou no abismo do sofrimento para nos livrar da morte eterna! A tua e minha salvação funda-se na entrega absoluta de Cristo, no seu sofrimento, agonia, morte e silêncio.
Um silêncio que grita ao mundo: “Foi por você! O que mais você precisa para se voltar a mim, ao meu amor?” Amados filhos, amadas filhas: que Deus nos livre de que, ao longo da nossa caminhada, tenhamos nos acostumados a vivenciar esta semana apenas como mais uma semana santa!
Que Deus nos livre de não nos escandalizarmos diante da realidade da Cruz de Cristo, de seu sofrimento não nos causar repúdio e conversão! Caso seja assim, somos dignos de pena e os mais necessitados da misericórdia Divina. A Igreja, ao fazer Memória da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, nos diz com todas as letras, gritando ao nosso íntimo: Cristo morreu por nós, por cada um que vive hoje, neste mundo tão carente de verdades e de fé! Foi nós, por nossa geração ingrata e indiferente aos valores cristãos que Jesus pendeu no Madeiro, foi flagelado, cuspido e escarnecido pelos nossos tantos pecados! Reviver as dores de Cristo na Semana da Paixão, deve a nossa prioridade como cristãos comprometidos com o Evangelho, com a Igreja e com o próprio Deus! Nada há na Liturgia que seja por acaso. Tudo é para nossa conversão e crescimento como discípulos e missionários da vinha do Senhor.
Não podemos ser como aqueles que gritavam Hosana ao Rei e depois gritam crucifica-O. Da entrada triunfal em Jerusalém, no Domingo de Ramos até a Ressurreição foram longos dias de tremendo sofrimento, agonia e suores em sangue! Dos ramos que saudaram o Rei aos chicotes dos algozes que feriram sua Carne, Cristo se entrega por inteiro, sem nada nos negar.
Ao contrário, a Semana Maior é o ápice do Mistério de Amor do Pai pelo Filho, do Filho pelo Pai, ambos doadores do Espírito Santo que nos dá a sabedoria necessária para aceitarmos e vivermos esta Semana Santa como se fosse a primeira e última de nossas vidas. Domingo de Ramos, Instituição da Eucaristia e do Sacerdócio, quando o Cristo de Deus se abaixa ao nosso nível e nos lava os pés, ensinando-nos a servir com retidão e humildade, até a crucificação e morte no Madeiro, tudo isso deve ser vivido na fé e na entrega de nós mesmos aos desígnios do amor do Pai.
Não é tempo de passeios, diversão e descanso, nem de banquetes e festas; é tempo de moramos na Igreja, em nossas paróquias, diaconias, capelas e comunidades e visitarmos nossas casas para o essencial apenas. Se Deus não poupou seu Filho para que fossemos libertados, porque nós, pecadores, nos pouparíamos de estar na presença do Mistério que rege nossa fé e nos alcançou a salvação? Que seja uma santa Semana Santa, com Maria Santíssima e toda Igreja aos pés do crucificado.