Três pessoas foram presas e dez mandados de busca e apreensão foram cumpridos ontem, nove em Apucarana e um em Itapevi (SP) na Operação Commensalis, deflagrada pela 17ª Subdivisão Policial (SDP) em Apucarana. A ação teve como foco desarticular remanescentes da facção “Tropa do Tubarão”, que tentavam ocupar posições estratégicas após o enfraquecimento provocado pela Operação Baby Shark, em 2024.
O delegado operacional Vitor Hugo Torres Bento, responsável pela investigação, explicou que a operação mirou indivíduos que se reorganizaram após as detenções realizadas no ano anterior.
“Algumas dessas lideranças já haviam sido presas em março e hoje (ontem) conseguimos alcançar outros integrantes essenciais para o funcionamento da facção.”
Segundo o delegado, as investigações encontraram mensagens sobre tráfico de drogas, posse de armas, munições e até procedimentos de tortura contra usuários inadimplentes. Ele destacou ainda a relação direta do grupo com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
“Constatamos vínculos sólidos com o PCC, desde movimentações financeiras até auxílio logístico e suporte a foragidos. O mandado cumprido em São Paulo reforça essa conexão”, diz.
O delegado adjunto da 17ª SDP, André Garcia, ressaltou que a operação é parte de um trabalho contínuo de enfrentamento ao crime organizado e destacou a queda expressiva nos homicídios em Apucarana:
“A Polícia Civil não trabalha com imediatismo. Antes da operação existe um longo trabalho investigativo. Em 2024 tivemos cerca de 30 homicídios em Apucarana; em 2025, menos de 10. Isso é reflexo direto das operações que atingiram essas organizações criminosas”, afirma
Garcia complementou afirmando que, embora a facção tente se reerguer, a polícia mantém vigilância constante. “O tráfico tem grande poder de regeneração, mas estamos atentos. Monitoramos os remanescentes da Tropa do Tubarão e a atuação do PCC na cidade. Em 2026 não será diferente.”
O primeiro delegado operacional, Ricardo Monteiro de Toledo, lembrou que a operação é um desdobramento direto da Operação Baby Shark, que em 2024 prendeu 69 integrantes da Tropa do Tubarão.
Ele destacou a condenação recente do núcleo financeiro da facção. “Ontem saiu a sentença em primeira instância: os 11 integrantes do núcleo financeiro foram condenados a penas que variam de 11 a 14 anos de reclusão. Isso comprova a qualidade das investigações e do trabalho conjunto com o Ministério Público”, diz.
Ricardo reforçou que o objetivo da Polícia Civil vai além das prisões. “Nós não buscamos apenas prender, mas realizar prisões qualificadas, com provas robustas que garantam a condenação dos envolvidos. Isso assegura que permaneçam afastados por muitos anos, impedindo que continuem causando sofrimento à população.”
A Polícia Civil apreendeu celulares, documentos, drogas e outros materiais que serão analisados. As investigações continuam para identificar participantes ainda ativos na cadeia criminosa.